Calvície
Calvície feminina pode estar associada
à síndrome dos ovários policísticos
- 27/04/2009 00:00:00
- 5687 dias
O contexto é bastante comum nas clínicas de dermatologia. A mulher vai se consultar porque notou que está perdendo cabelo, comprometendo sua estética e sua auto-estima. Durante a consulta clínica, associada aos exames de sangue, o diagnóstico pode ser desde doenças do couro cabeludo (micose ou dermatite), anemias, estresse, alterações nos níveis de hormônios masculinos no sangue, até o resultado menos esperado: Síndrome dos Ovários Policísticos
(SOPC). Apesar de acometer apenas cerca de 10% das mulheres do continente americano, segundo consenso do National Health Institute em 1992, a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOPC) não tem cura, mas é perfeitamente controlada através de medicamentos.
O dermatologista Ademir Carvalho Leite Junior, especialista na Síndrome dos Ovários Policísticos pela Universidade da Virgínia (EUA), explica que essa doença, de causa genética, é um defeito do metabolismo da insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas, que altera os níveis de alguns hormônios na mulher, causando uma série de manifestações físicas e até psíquicas.A doença atinge ovários, útero, tecido adiposo, pele e até a parte psicológica da mulher, comprometendo a auto-imagem e sua qualidade de vida.
"A portadora da Síndrome dos Ovários Policísticos apresenta uma disfunção hormonal importante trazendo problemas como a perda de cabelo, o aumento de pêlos no corpo, acne, seborréia, alterações menstruais ou sangramento uterino acentuado, infertilidade, obesidade, diabetes, aborto espontâneo nos primeiros meses da gravidez e outras sérias conseqüências que, se não diagnosticadas, podem evoluir para a hipertensão arterial, risco de doenças
cardiovasculares e até câncer de mama", diz o especialista. "A doença eleva também os níveis de andrógenos, e com isso o desenvolvimento de alguns padrões masculinos nesta paciente, como o aumento da massa muscular e até do tamanho do clitóris, deposição de gordura na região abdominal e inibição no crescimento das mamas", acrescenta.
Segundo o médico, na maioria das vezes a doença pode ser subdiagnosticada ao exame de sangue e à ultrassonografia por apresentar resultados que estão dentro dos índices de normalidade. "Por isso a importância de um acompanhamento clínico rigoroso" afirma o doutor Ademir Carvalho Leite Junior. Para elucidar, o médico fala de uma pesquisa realizada nos Estados Unidos, reunindo uma amostra de mulheres onde 20% das consideradas normais clinicamente, apresentaram policistos nos ovários detectados pelo ultra-som.
Por outro lado, 60% das mulheres consideradas portadoras da doença apresentavam ultra-som sem sinais de cistos ovarianos. "O diagnóstico da Síndrome dos Ovários Policísticos, em 95% dos casos, se dá pela clínica apresentada pela paciente e conta com o auxílio do exame de sangue", acrescenta o médico.
O tratamento medicamentoso e não invasivo vai regular o sistema hormonal da paciente fazendo com que ela passe a ovular e a ter ciclos normais, diminuindo as manifestações clínicas gerais e dermatológicas, com significativa melhora em sua qualidade de vida.